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Lideranças de facções são transferidas entre presídios da RMF

48 horas após 60 mortes em penitenciária do Amazonas, na disputa entre PCC e CV, operação para transferência é montada no Ceará
Lideranças de facções que estavam no Complexo Penitenciário de Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), foram transferidas da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Jucá Neto (CPPL III) para a Elias Alves da Silva (CPPL IV), e vice-versa, durante operação da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus). As duas unidades estão dentro do Complexo Penitenciário de Itaitinga. O objetivo é evitar motins dentro das unidades.


As transferências de presos no Ceará são realizadas 48 horas após as rebeliões do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o maior presídio do Amazonas, em que foram confirmadas 60 mortes nas disputas entre facções criminosas.

Em nota, a Sejus afirma que as transferências no Ceará acontecem entre as próprias unidades da RMF com o objetivo de “desarticular lideranças e prevenir conflitos nos estabelecimentos prisionais”.

O POVO apurou com uma fonte ligada à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) que desde o Ano Novo existe a preocupação da Sejus sobre um possível conflito entre facções criminosas. As mortes e os conflitos no Amazonas influenciaram o órgão cearense a agir de forma preventiva, segundo a fonte.

No último dia 1º, esposas de detentos obstruíram a via, ateando fogo em objetos, em trecho da BR-116 na altura do Complexo de Itaitinga. As mulheres que haviam passado o pernoite na unidade conversavam com os internos por aparelhos celulares enquanto realizavam o protesto.

O POVO apurou que a transferência de presos começou por volta das 9 horas e terminou perto das 14 horas. Aproximadamente 50 familiares de detentos estavam, na tarde de ontem, na frente da unidade, com o intuito de obter informações. Uma das familiares, uma mulher de 44 anos, que pediu para não ser identificada, disse estar no local desde as 8 horas e que teme as rebeliões. Ela ressaltou que, com a chegada das facções criminosas aos presídios cearenses, a violência nas unidades cresceu, e quem não é aliado a uma facção é obrigado a se filiar.

“Eles (líderes das facções) têm uma ordem lá de que, quando o preso é liberado, não pode ir direto para casa e tem que se comunicar com eles”, revela.

Operação 
Pelo menos 17 veículos do Batalhão de Choque (BPChoque) saíram do Complexo de Itaitinga por volta das 14 horas, entre eles um ônibus e um veículo blindado, para o Controle de Distúrbios Civis. O Comando Tático Rural (Cotar) e do Comando de Policiamento com Cães (Cpcães) também estiveram na unidade. Além disso, uma viatura do Corpo de Bombeiros estava no local. 

De acordo com a Sejus, a operação foi realizada por agentes penitenciários com apoio do Ministério Público e Polícia Rodoviária Federal (PRF), que esteve no local vistoriando os carros que chegavam à unidade. Assistentes sociais e equipe do Núcleo de Atendimento aos Familiares de Internos (Nuasf) iriam receber os familiares e prestar informações sobre as mudanças. O número total de transferências não foi divulgado.

Saiba mais

Como as facções atuam dentro e fora dos presídios
O presidente do Conselho Penitenciário do Ceará explica que o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV), a Família do Norte (FDN) e o Guardiões do Estado (GDE) funcionam como grupos comerciais e mantêm a paz e o equilíbrio de prisão, tanto em âmbito externo, nas comunidades com a venda de drogas, como internamente nos presídios. Nas unidades prisionais, esses grupos se organizam como facções e, quando existe uma quebra da paz, essa mudança repercute na comunidade com o aumento de homicídios. 

Quando as facções declaram guerra, elas não podem ser mantidas dentro de um mesmo espaço, pois esse conflito pode gerar atos de violência e demonstração de poder. Como temos unidades vulneráveis pela superlotação, qualquer tumulto e conflito podem ser de grandes proporções.

Mortes
No dia 21 de maio do ano passado, após a greve dos agentes penitenciários, 14 pessoas morreram nas unidades da Região Metropolitana. As ações de depredação nas unidades causaram um prejuízo de R$ 12 milhões aos cofres públicos. O comando de greve chegou a ser responsabilizado. 

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